sexta-feira, 9 de julho de 2010

As crianças choram

Hoje foi um dia triste para o povo judeu. Um dos maires rabinos da nossa geração faleceu. O Rav Yehudá Amital. Tive o mérito de estudar e conviver com ele por dez anos da minha vida e sem dúvida ele influênciou e mudou a maneira de pensar de uma geração.
Este espaço é pequeno demais para explicar a contribuição do Rav Amital ao judaísmo moderno. Somente trarei duas passagens que acho muito significativas sobre ele. Uma dita hoje no Hesped (discurso fúnebre) pelo Rav Aharon Lichteinshtein e outra que vivenciei ainda estando na Yeshivá.
1 - Nós temos que colocar pelas manhãs, quase diariamente, os Tefilin da cabeça e da mão. É proibido interromper entre eles, para que a ação seja considerada uma só. Hoje em dia é difícil encontrar pessoas que unam as duas coisas: Um estudo de Torá profundo e com grande sabedoria (representado pelos Tefilin da cabeça) e uma vida dedicada a ação (Tefilin da mão). Geralmente ou uma coisa ou outra. O Rav Yehudá Amital era um dos poucos que conseguiam juntar os dois, sem interrupçãõ, e tanto em estudo quanto em fazer e mudar coisas foi um dos maiores.
2 - Enquanto estava na Yeshivat Har Etzion (a qual o Rav Amital foi o fundador e chefe) ouvi o Rav Amital contando uma história que ele sempre contava e explicava muito seu ponto de vista. Assim era: O Admor Hazaken foi visitar seu filho. Enquanto estudava ouviu o choro do bebê de seu filho que não parava. O Admor Hazaken parou seu estudo para ver o que aconteceu. Depois de acalmar o bebê foi até seu filho e perguntou se ele não tinha ouvido o choro. Este respondeu: "Estava tão concentrado em estudar Torá que não escutei". Ao ouvir isso o Admor Hazaken respondeu: "Se o estudo da Torá te impede de ouvir o choro de uma criança, então este estudo é inválido"
תיהיה נשמתו צרורה בצרור החיים

quarta-feira, 7 de julho de 2010

É só futebol

No jornal israelense "Yediot Hacharonot" saiu uma pesquisa que um terço da população israelense apoia a seleção alemã. Essa pesquisa a princípio surpreendeu porque é esperado do povo israelense não apoiar a seleção alemã pelo ocorrido no holocausto.
Olhando algumas reportagens li algumas entrevistas onde encontrei expressões como "deixar de lado", "mudar", "para que". Simplesmente surpreendente. Imaginava que o argumento mais simples e lógico é: "é só futebol e não política". Mas no final os argumentos encontrados são políticos.
Gostaria de trazer um conto escrito por Efraim Kishon (escritor israelense - 1924 - 2005) sobre o tema:
Uma discussão entre duas pessoas. Uma não está disposta a comprar um carro alemão e a outra tenta convencê la que isso não tem mais lógica:
- Você não concorda que os alemães jé pediram desculpas pelo ocorrido?
- Concordo.
- Você não concorda que eles pagaram dinheiro como indenização?
- Concordo.
- Você não concorda que os alemães hoje não são os mesmos da segunda guerra?
- Concordo.
- Então vai comprar o carro?
- Não.
- Só porque é alemão?
- Sim.
- Onde está sua lógica?
- Queimou em Awchwitz.
Obviamente fazer de um jogo uma guerra política é um exagero, mas os agumentos encontrados para apoiarem a seleção são perigosos. Ainda mais em uma geração em que tão facilmente se nega o holocausto.
A propósito a alemanha perdeu.